12.8.08

UM TRISTE VAI E VEM


É da experiência de todo pastor, conviver com o intenso vai e vem de pessoas oriundas de outras igrejas evangélicas. Devo confessar que não consigo reagir muito bem às deserções, por isso, me incomoda muito esta migração interminável, mesmo porque, raramente produz um fruto abençoado. Na maior parte das vezes o resultado é sofrível e o rastro de problemas deixado para trás é destruidor. Entretanto, mesmo sem conseguir trabalhar isto muito bem, tenho que admitir de que se trata de um sintoma deste mal sistêmico que acompanha a ultramodernidade.

Vivemos uma era marcada pela ansiedade e que exalta a velocidade. Os recordes que eram medidos em minutos e segundos, agora já estão sendo medidos em décimos e centésimos de segundo. Eu nem posso imaginar quanto tempo é um décimo de segundo - talvez a velocidade de um pensamento - quanto mais um centésimo dessa mesma fração. Tudo isso, acrescentado de outros detalhes - dispensáveis agora - contribui para uma inquietação incurável, que explica esse senso de urgência, essa incapacidade geral para aquietar-se e esperar.

Ninguém quer gastar tempo para desfazer as malas. Confundem igreja com aeroporto - onde as malas passam pelas esteiras sem serem desfeitas. A igreja local é o destino, não é a conexão para o próximo vôo. Como pastor, fico a espera de que as pessoas desfaçam suas malas e encontrem um lugar de descanso na comunidade, mas tudo que vejo é uma multidão aflita e ansiosa por partir. Ninguém imagina o que está perdendo. Talvez seja por causa disso que eu não conviva bem com o abandono. Mas, de uma coisa estou certo: para ministrar à essa geração, terei que compreender suas angústias e suas fraquezas.

Para ajudar você a orientar-se no campo da fé, compreenda algumas coisas:
1. Tempo é um fator inexistente no campo espiritual. Deus é avesso a datas marcadas e horários humanos precisos. A precisão divina não depende do nosso relógio, mas da sua préordenança. Por isso, não vale a pena correr porque em Deus não há atrasos ou adiantamentos, só a sua vontade soberana.
2. Igreja é família; casa do Pai. Quem dela se aproxima com outra metáfora em mente, frustra-se.
3. Igreja é lugar de refúgio, de descanso. Não a veja como a sala de treinamento de uma grande corporação interessada que seus funcionários aprendam as regras da competitividade. Logo, igreja não é um lugar onde se vai, mas onde se está, onde se fica e descansa.
4. Igreja é um espaço de serviço. Ambiciosos e altivos não se sentem bem nela.

Por tudo o mais que não há espaço para falar, fique na sua igreja. Não se mova a não ser que seja por questões morais ou doutrinárias. Ame com intensidade seus irmãos e líderes. Seja simples o bastante para aprender a esperar em Deus.

Que o Senhor o abençoe!

Um comentário:

Pedro Lima disse...

Não é fácil mas espero alcançar em Deus o mesmo sentimento que envolvia Paulo quando ele escreve aos irmãos de Roma como citado na carta ao Romanos 1. 8-15. Especialmente quero aprender a repartir como em Romanos 1.11, o que implica liberalidade e generosidade. E assim colaborar na unidade da minha igreja local.