14.8.08

ALGUÉM AÍ?

De vez em quando me bate um imenso sentimento de solidão. Não se trata de solidão física porque estou sempre cercado de gente maravilhosa. Trata-se de solidão no plano das idéias, das compreensões e da visão da vida. Tenho muitas vezes a sensação de que estou desejando ir numa direção e que ninguém está muito interessado em me acompanhar. Mas, lá uma vez ou outra, Deus me mostra que há sempre um eleito ouvindo, talvez para me manter encorajado a proclamar o Evangelho sob a Sua inteira dependência.

Nessa minha peregrinação solitária como pregador tupiniquim, comunicando a um povo cujo a formação religiosa deu-se em torno de ocas, fogueiras e invocações espiritualistas; senzalas, tambores, deuses e orixás; catequese forçada, santos e os encantos desconexos entre a beleza litúrgica e a escravidão; confesso que encontro dificuldades para fazê-lo enxergar a cruz e desenvolver a fé, dissociada dessa herança espiritual que o acompanha desde sempre e se encontra presente em todas as camadas da sociedade. Além disso, o neopentecostalismo radical resolveu surfar na onda dessa espiritualidade misturada, desengavetando o medievalismo das indulgências e as promessas ilusórias de milagres, transformando a comunidade cristã numa grande feira-livre de promessas milagrosas. Não é preciso dizer que tudo isto é como mel para os ursos.

Como se tudo isto não bastasse, sou confrontado a todo momento, forçando-me a explicar muito mais frequentemente quem sou do que no que creio. Estou consciente de que não posso fugir dessa acariação popular, afinal, religião é algo que mexe com as massas. Tenho paciência para conversar e aproveito a oportunidade para convidar os mais questionadores a andarem do meu lado. Mas, não demora muito, a curiosidade é satisfeita e "lá se vai a pomba do pombal" em busca de uma nova aventura.

O cenário cristão brasileiro não é positivo. Não é Cristianismo aquilo que se supõe tomar lugar em templos espalhados pelo país - as terminologias, chavões e formato, pode parecer, mas uma avaliação mais cuidadosa nos chocará. Há sem dúvida um movimento religioso, mas não é o resultado da obra de Cristo, porque nem mesmo Sua Palavra é considerada. Grito, choro, sofro, prego, ensino, mas não tem jeito. Não há como competir com a toalha ungida, com as personalidades carismáticas, com a mídia esmagadora e com o sal grosso, o erro e a mentira encantam pela sedução da ganância. É o fim!

Há alguém aí? Há alguém vendo o que estou vendo? Há alguém que ainda queira experimentar um Cristianismo vazio do exercício do poder? Alguém que deseje separar-se desse mundo mal; amar o próximo como a si mesmo; ter uma família feliz e um coração para levar o Evangelho aos perdidos? Alguém que não vise o lucro, a fama e o sucesso? Se você estiver me ouvindo, avise-me.

4 comentários:

Pedro Lima disse...

Tem alguém aqui sim ! e como Paulo aos Romanos afirmo: Assim, pois, também agora, no tempo de hoje , sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.(Romanos 11.5)
E também assim como Deus assegurou a Elias que ele não estava só (1 Reis 19.18) acredite ! Tem alguém aqui.

Wedner Chagas disse...

Alguém aqui, que compartilha das mesmas dores e solidões do Pastor, acredita que Deus(aqui, alí e aí)Infinitamente soberano opera com poder e glória, dando a pregadores o discernimento correto do que é ser cristão. Deus o abençoe

elaine disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
elaine disse...

Sim,tem alguém também aqui! Com um coração apaixonado por Jesus, querendo estar simplesmente, no centro da vontade Dele.
Duas coisas te peço; não mas negues,antes que eu morra:
Afasta de mim a falsidade e a mentira;não me dês nem pobreza ,nem riqueza;dá-me o pão que me for necessário;para não suceder que,estando eu farto,te negue e diga:Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido,venha a furtar e profane o nome de Deus.
Prov.30-7 a 9.

Que Deus te abençoe e que continues,assim, sendo canal abençoador para corações, sedentos do Senhor Jesus.