De vez em quando me bate um imenso sentimento de solidão. Não se trata de solidão física porque estou sempre cercado de gente maravilhosa. Trata-se de solidão no plano das idéias, das compreensões e da visão da vida. Tenho muitas vezes a sensação de que estou desejando ir numa direção e que ninguém está muito interessado em me acompanhar. Mas, lá uma vez ou outra, Deus me mostra que há sempre um eleito ouvindo, talvez para me manter encorajado a proclamar o Evangelho sob a Sua inteira dependência.
Nessa minha peregrinação solitária como pregador tupiniquim, comunicando a um povo cujo a formação religiosa deu-se em torno de ocas, fogueiras e invocações espiritualistas; senzalas, tambores, deuses e orixás; catequese forçada, santos e os encantos desconexos entre a beleza litúrgica e a escravidão; confesso que encontro dificuldades para fazê-lo enxergar a cruz e desenvolver a fé, dissociada dessa herança espiritual que o acompanha desde sempre e se encontra presente em todas as camadas da sociedade. Além disso, o neopentecostalismo radical resolveu surfar na onda dessa espiritualidade misturada, desengavetando o medievalismo das indulgências e as promessas ilusórias de milagres, transformando a comunidade cristã numa grande feira-livre de promessas milagrosas. Não é preciso dizer que tudo isto é como mel para os ursos.
Como se tudo isto não bastasse, sou confrontado a todo momento, forçando-me a explicar muito mais frequentemente quem sou do que no que creio. Estou consciente de que não posso fugir dessa acariação popular, afinal, religião é algo que mexe com as massas. Tenho paciência para conversar e aproveito a oportunidade para convidar os mais questionadores a andarem do meu lado. Mas, não demora muito, a curiosidade é satisfeita e "lá se vai a pomba do pombal" em busca de uma nova aventura.
O cenário cristão brasileiro não é positivo. Não é Cristianismo aquilo que se supõe tomar lugar em templos espalhados pelo país - as terminologias, chavões e formato, pode parecer, mas uma avaliação mais cuidadosa nos chocará. Há sem dúvida um movimento religioso, mas não é o resultado da obra de Cristo, porque nem mesmo Sua Palavra é considerada. Grito, choro, sofro, prego, ensino, mas não tem jeito. Não há como competir com a toalha ungida, com as personalidades carismáticas, com a mídia esmagadora e com o sal grosso, o erro e a mentira encantam pela sedução da ganância. É o fim!
Há alguém aí? Há alguém vendo o que estou vendo? Há alguém que ainda queira experimentar um Cristianismo vazio do exercício do poder? Alguém que deseje separar-se desse mundo mal; amar o próximo como a si mesmo; ter uma família feliz e um coração para levar o Evangelho aos perdidos? Alguém que não vise o lucro, a fama e o sucesso? Se você estiver me ouvindo, avise-me.
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4 comentários:
Tem alguém aqui sim ! e como Paulo aos Romanos afirmo: Assim, pois, também agora, no tempo de hoje , sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.(Romanos 11.5)
E também assim como Deus assegurou a Elias que ele não estava só (1 Reis 19.18) acredite ! Tem alguém aqui.
Alguém aqui, que compartilha das mesmas dores e solidões do Pastor, acredita que Deus(aqui, alí e aí)Infinitamente soberano opera com poder e glória, dando a pregadores o discernimento correto do que é ser cristão. Deus o abençoe
Sim,tem alguém também aqui! Com um coração apaixonado por Jesus, querendo estar simplesmente, no centro da vontade Dele.
Duas coisas te peço; não mas negues,antes que eu morra:
Afasta de mim a falsidade e a mentira;não me dês nem pobreza ,nem riqueza;dá-me o pão que me for necessário;para não suceder que,estando eu farto,te negue e diga:Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido,venha a furtar e profane o nome de Deus.
Prov.30-7 a 9.
Que Deus te abençoe e que continues,assim, sendo canal abençoador para corações, sedentos do Senhor Jesus.
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